Jadis Diapason - Amplificador Integrado

O nome Jadis evoca o espírito audiófilo em todos os que veneram o prestígio francês nas electrónicas a válvulas, um prestígio que, infelizmente, tem um preço normalmente inacessível para os melómanos. O fabricante francês teve a muito boa ideia em desenvolver o amplificador integrado Diapason, um aparelho que demonstra o saber fazer desta grande marca.

O chassis do Diapason é extremamente funcional e simples, sendo formado por duas partes principais em aço inox antimagnético. O painel frontal é feito em alumínio acetinado e apresenta três comandos rotativos (seleção de uma entre seis fontes sonoras, equilíbrio entre canais e volume), aos quais se junta o comutador por alavanca para ligar/desligar o aparelho.

Na parte traseira, encontram-se seis pares de fichas do tipo RCA e três pares de bornes para as colunas, mais o receptáculo para uma ficha de corrente IEC. Há, também, um orifício tapado pelo logotipo Made in France, o qual se destina a receber uma ficha do tipo USB em opção.

Os seus circuitos retomam as ideias de base dos modelos mais caros da marca. Por dentro, o transformador de alimentação e os dois de saída partilham o espaço com as sete válvulas no circuito áudio.

O aparelho é construído a partir dum andar de pré amplificação a tríodos com válvulas 12AU7/ECC82 Electro Harmonix, seguido por uma válvula desfazedora do tipo duplo tríodo 12AX7/ECC83, desta vez de origem russa (Tungsol), a atacar as válvulas de potência 6L6GC do tipo pêntodo em modo push-pull (também Tungsol).

A presença de cinco saídas no primário dos transformadores da Jadis, tende a validar uma configuração de saída do tipo ultra linear.

A cablagem pelo método ponto-a-ponto desapareceu e no seu lugar surgiu um soberbo circuito impresso de dupla face.

Os componentes são sempre selecionados pelas suas qualidades intrínsecas (condensadores em polipropileno, resistências de precisão e potenciómetros da marca Alps) e testemunham a experiência deste construtor em áreas como o desacoplamento por condensadores da marca Wima e pelo seletor de fontes posicionado o mais próximo das fichas de entrada.

Finalmente, a Jadis equipou o amplificador integrado Diapason com uma regulação da corrente de polarização para cada uma das válvulas em modo push-pull. Esta regulação é constituída por duas janelas que abrigam, cada uma, uma série de díodos LED multicores e por dois potenciómetros dissimulados entre as válvulas 6L6 centrais. A regulação correta da corrente de polarização consiste em que apenas os díodos se iluminem na cor verde. Simples, não é?

A construção: A sua construção afasta-se do luxo do aço inox e do latão polido das electrónicas de excepção da Jadis, é antes uma abordagem simplificada que o fabricante escolheu por razões compreensíveis, o seu custo. Juntou-lhe um pequeno toque vintage que lhe dá um inegável charme ao chassis em aço inox, não polido, mas diferencia-o dos produtos asiáticos, visualmente sobrecarregados. O aparelho vem embalado numa caixa em madeira, o que joga a seu favor.

Os componentes: Os transformadores e os condensadores, quer sejam de alimentação, quer de ligação, ou mesmo de desacoplagem, bem como os potenciómetros, vêm todos dos fornecedores habituais da Jadis para os seus aparelhos de topo de gama. As cablagens foram abandonadas, dando lugar a circuitos impressos mais acessíveis de implementar, mas sempre bem realizados. O sistema de regulação da polarização das válvulas 6L6 é simples.

Os graves: Logo de início, o Diapason agracia-nos com um registo de graves do melhor que há, desmarcando-se, sobretudo, pela sua vivacidade e articulação. A mensagem é, assim, tudo menos balofa e há toda uma quantidade de informação, normalmente embrulhada nos graves, que agora aparece de uma forma clara, distinta e inteligível. A extensão nos registos inferiores é um pouco limitada, mas é melhor uma descida controlada, do que uma exploração grosseira das primeiras oitavas.

Os médios: O Diapason demonstra bem a estrutura dos timbres presentes em cada nota numa partitura. Apercebemo-nos precisamente das entonações das vozes, das intermodulações das cordas dos instrumentos e, sem serem redondos e apesar de uma sensação de ligeira falta de espessura na gama média superior, a experiência auditiva é muito confortável devido à veracidade tonal e à flexibilidade de expressão do fluxo musical, que é sempre realista em termos de cor e textura.

Os agudos: A integridade da Jadis agracia-nos com prestações muito satisfatórias em termos de coerência harmónica, pelo que os seus agudos são ricos e detalhados. No nosso sistema de escuta, no entanto, os agudos extremos revelaram-se de certa forma um pouco tímidos, sem, no entanto, apresentarem qualquer falta de suavidade. Mesmo que as notas parecessem desvanecer-se um pouco rapidamente demais para o nosso gosto, as vassouras e os tambores na faixa "When I fall in Love" de Keith Jarrett Trio nunca revelaram falta de cor ou substância.

As dinâmicas: Tecnicamente simples e com apenas uma quinzena de watts de potência por canal, o Jadis não se deixa descredibilizar em faixas como « Constantinople » de  Patricia Barber. Quando se ouve a este nível já elevado, começam a aparecer os limites lógicos perante os transitórios, mas temos que pensar que este é um aparelho com 15W de potência e os acordes nos contrabaixos não são tarefa nada fácil.

Ataque: O ataque às notas em « Company », pela Patricia Barber, fez-nos apreciar a sua franqueza em toda a linha, desde a percussão nas peles, até aos numerosos impactos dos tambores e dos metais durante o deslumbrante solo da bateria. Este amplificador é rápido, animado, sempre legível, e estas características dão uma verdadeira alma tonal a todos os instrumentos.

O palco sonoro: O amplificador Diapason dá-nos um palco sonoro muito credível em termos de volume e de proporções. A quantidade de detalhes produzidos aparecem bem focados (ouça-se a sensação de se estar próximo dos artistas em estúdio na faixa « Constantinople » da Patricia Barber). A imagem stereo é muito estável e persistente, mantendo-se assim, mesmo quando aumentamos o volume sonoro. É uma prova da estabilidade da fonte de alimentação deste amplificador da Jadis. A transparência do aparelho verifica-se nos seus timbres cuidados, numa vivacidade inusual para este nível de preços, e num equilíbrio tonal linear. São numerosos critérios sedutores num Jadis. A boa transparência deste amplificador faz-nos perdoar-lhe uma certa resposta em frequência reduzida, mas absolutamente credível. Um simples detalhe entre muitas outras das suas qualidades musicais.

Relação Qualidade/Preço: O Jadis é um aparelho à parte dos outros. O Diapason distingue-se entre os amplificadores a válvulas de potência reduzida que já tivemos a oportunidade de testar, quer pela sua apresentação sonora viva, quer pelo rigor. As nossas colunas de som de referência de média-alta sensibilidade nunca colocaram qualquer problema a esta electrónica, quando solicitada. Um Jadis para todos? Muito provavelmente, especialmente porque o seu preço será como uma bola de bowling num mercado onde reina a concorrência asiática.

Veredito: Esta é a electrónica que faltava no catálogo deste célebre fabricante de Villedubert. Foi pensado como se se tratasse dum dos grandes desse catálogo, foi construído de acordo com o respeito da tradição da marca, mas também com uma preocupação em ser apresentado a um preço de venda o mais acessível possível. Este fabricante propõe um integrado sério e muito musical. Portanto, deverá alargar rapidamente o clube de utilizadores de amplificadores da marca Jadis. É altura de estarmos todos em sintonia com o mundo do Diapason.